terça-feira, 30 de março de 2010

Abramge entra na Justiça contra a ANS



Chefe da Comissão Jurídica do Sistema Abramge, Dagoberto Lima, acredita que as regulamentações da ANS afetam o dia a dia das operadoras.


O novo rol de procedimentos e suas implicações no dia a dia das empresas operadoras de planos de saúde refletem em várias preocupações. "Algumas regulamentações que foram feitas tanto na parte de reservas e provisões estão complicando a situação das pequenas e médias empresas e estão sendo bastante complicado para as grandes, mais ainda em função de volume de negócios e beneficiários que elas têm", argumenta o chefe da Comissão Jurídica do Sistema Abramge, Dagoberto Steinmeyer Lima.
De acordo com o advogado, basicamente a resolução n. 195 foi parcialmente alterada por duas outras resoluções e atingiu muito o mercado operador por ter mexido na forma de constatação dos planos de saúde. "Isso atingiu muito os chamados planos coletivos quer empresariais quer por adesão e, dentre estes, principalmente os chamados planos coletivos por adesão, isso significa que a ANS regulamentou num modelo extremamente diferente daquele que anteriormente havia. Nós não temos dúvida nenhuma em achar que se trata de uma resolução visando normatizar de uma forma mais aprimorada o mercado, mas o que a gente não se conforma, e por isso faz-se a resistência da agência em alterar, é que essa resolução nos seus artigos 26 e 27 ela mandou aplicar a regra nova nos contratos vigentes", contesta. "Significa uma intromissão no contrato antigo."
Por este motivo, Lima entende que a resolução n. 195 é inconstitucional já que no inciso 36 do artigo 5º da constituição federal diz que a nova norma não pode ferir o ato jurídico perfeito nem o direito adquirido existente antes do seu advento e nem a sentença judicial transitado julgado antes do seu advento.
"Com essa colocação o sistema Abramge através dos seus sindicatos entrou com uma ação na justiça federal do Rio de Janeiro". Segundo Lima, pede-se uma liminar no sentido do juiz, através de uma decisão, suspender o intrometimento da ANS nos contratos antigos, aqueles vigentes. "A agência foi inflexível em manter a regra geral", conclui.

segunda-feira, 29 de março de 2010

"Está havendo elitização na saúde suplementar"




Afirmação do coordenador da Comissão de Pequenas e Médias Operadoras da Abramge, Cyro Britto, se refere ao atual processo conduzido na área.



Alterações contábeis, econômico-financeira e reservas garantidoras. Tantas normas e mudanças estão complicando a situação das pequenas e médias operadoras de planos de saúde (PMOps), mas sem tirar suas boas perspectivas. "As perspectivas têm que existir porque nós não podemos nem imaginar a saúde suplementar hoje sem as operadoras. Nós na Abramge criamos uma comissão para estudar algumas variáveis que pudessem ser levadas para que essas operadoras possam sobreviver no mercado, principalmente aquelas que estão no interior do País, onde nós sabemos que as dificuldades são maiores para atender todas essas normatização da ANS", explica o coordenador da Comissão de Pequenas e Médias Operadoras da Abramge, Cyro Alves de Britto Filho.
Segundo o executivo, as operadoras estão se sentindo estranguladas diante deste cenário de tantas normas e, por isso, Britto acredita que é necessário sensibilizar tanto a Agência Nacional de Saúde Suplementar quanto os políticos, os legisladores e até mesmo os órgãos de defesa do consumidor de que é preciso pensar a regulamentação. "Da forma que a ANS está exigindo ela está se tornando proibitiva para operadoras de pequeno e médio porte e ela vai começar a ficar proibitiva para certa parcela da população brasileira."
Hoje existe no Brasil cerca de 90 milhões de pessoas pertencentes às classes C e D, e esse cenário vem crescendo significativamente, segundo Britto. Para ele, todos deveriam olhar a saúde suplementar para essa classe social. "O processo hoje como ele vem sendo conduzido está elitizando a saúde suplementar. Está se tornando um produto com tantas coberturas que só vai ser possível ser disponibilizado a pessoas de renda alta e é isso que eu chamo repensar o processo da saúde para que haja possibilidade de ter planos com coberturas menores, planos responsáveis com coberturas regulamentadas, mas não de tanta abrangência para que se possa atender esse público C e D", conclui.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Operadoras ameaçadas pelas normas da ANS



Operadoras de planos de saúde estão preocupadas com os impactos financeiros causados pelas regras da agência
As Pequenas e Médias Operadoras de Planos de Saúde (PMOps) estão ameaçadas pela quantidade de normas geradas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. A questão é que a grande maioria dessas operadoras acredita que muitas dessas regras tornam preocupante a sua situação financeira.
As alterações no plano de contas é um exemplo. Com validade a partir de janeiro de 2010, tais mudanças regidas pela Lei n. 6.404 e modificada posteriormente pela Lei n.11.941 trazem demonstração dos fluxos de caixa, obrigatoriedade de novas bases de depreciação e nova estrutura de balanços. As alterações incluem também a obrigatoriedade de manutenção de controles analíticos por cinco anos, além de a escrituração só poder ser atrasada em até 90 dias por força da lei, entre outros.
"Todas as operadoras de planos de saúde devem encaminhar para a ANS as DC´s modificadas por essas leis até 31 de março deste ano. A Resolução Normativa n. 124 diz que se você entrega o Documento de Informações Periódicas (DIOPS) e recebe a confirmação que foi aceito na agência depois do prazo previsto aí por definição será cobrado uma multa de R$ 25 mil. Cerca de mil operadoras não enviaram esses documentos no último ano, ainda que no formato estipulado para a época. Isso significa R$ 25 milhões para a União. É preciso enviar o fluxo de caixa, se não enviar vai ter que jogar dinheiro fora, não tem outro jeito", destaca o gerente geral de Acompanhamento das Operadoras e Mercado da ANS, Fabio dos Santos Fonseca.
De acordo com a ANS, cerca de 23 milhões de brasileiros estão vinculados a PMOps, o mesmo que 43% dos beneficiários de planos de saúde.
A IN 32 é outra mudança anunciada pela agência. O objetivo é o de lembrar as operadoras que o registro dos Eventos a Liquidar deve se dar quando do primeiro momento em que ela toma conhecimento da ocorrência no evento, pelo valor cobrado pelo prestador, independentemente da existência de processos de revisão da conta e/ou de mecanismos de aceitação dessas contas.
"Uma observação nessa nova regulamentação é que não pode ser utilizado mecanismo de postergação do reconhecimento das contas médicas como Eventos a Liquidar em razão da existência de metodologia de recepção dessas contas por terceiro", conta.
De acordo com Fonseca, algumas operadoras vinham se utilizando de métodos para postergar o reconhecimento das obrigações conhecidas para com os prestadores.
Temas como as exigências da Nova Lei das S.A.s; compatibilização do Sped com normas da ANS; parcelamento ordinário de débitos tributários e reservas garantidoras também trazem mais dificuldades para as PMOps.

quarta-feira, 24 de março de 2010

"Redução da carga horária dos enfermeiros vai criar um blackoute na saúde"



Por Thaia Duó
24/03/2010


Presidente da Federação dos Hospitais Filantrópicos de Pernambuco, Paulo Magnus, luta para tirar prioridade do PL que beneficia enfermeiros
O Projeto de Lei 2295/00, que beneficia enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras, já foi aprovado pelas comissões de Finanças e Tributação, e Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. Como se não bastasse, o projeto entrou em prioridade para a apreensão da classe hospitalar, que teme um aumento de 25% nos custos. "Esse projeto não pode ir para votação. Se aprovada, essa medida pode gerar uma conta de R$ 30 bilhões no ano para a saúde como um todo. É algo estratosférico e muitos dos deputados envolvidos não estão percebendo que debaixo deste guarda-chuva está entrando auxiliar e técnico de enfermagem, que é o maior contingente de pessoas dentro do hospital", contesta o presidente da Federação dos Hospitais Filantrópicos de Pernambuco, Paulo Magnus.
Hoje o projeto está entre os 20 que devem ser votados em breve e aflige a categoria hospitalar que teme a criação de uma nova lei. O sinal vermelho alerta o segmento para uma realidade absurda, segundo Magnus. "Por baixo do pano tem um problema que ninguém está percebendo. O texto reduz a carga horária da enfermagem como um todo e, ainda por cima, prevê o máximo de seis horas de trabalho por dia. Isso vai criar um blackoute na saúde."
O executivo ressalta que neste caso tem que ser reduzida a carga horária de todos os operários do Brasil, já que a categoria Enfermagem está beneficiando pessoal sem qualificação maior. "Um técnico de enfermagem tem treinamento absolutamente mínimo e sem formação e vai ter carga reduzida para 30 horas, é absurdo."
Para mudar o cenário, Magnus afirma estar trabalhando fortemente para que o projeto perca a prioridade no palco das votações. Para isso, está sendo feita uma pressão junto aos líderes do partido e diversas reuniões com representantes hospitalares.
Na tarde desta terça-feira (23) a Federação dos Hospitais Filantrópicos de Pernambuco levou a reivindicação para Maringá, no Paraná. "Estamos rodando todo o Brasil. O jeito é atacar no atacado e não no varejo, afinal não temos tempo para isto", conta.
O próximo passo é se reunir com as entidades de classe como, por exemplo, a Frente Parlamentar de Saúde para tentar não colocar o projeto em votação e retirar da pauta. "Isso tem que acontecer! O governo diz que esta trabalhando para a não aprovação, mas eu não entendo. Por que isso se tornou prioridade se o governo esta trabalhando contra?".
O fato de 2010 ser um ano eleitoral apavora ainda mais os líderes do setor, que acreditam que os deputados devem favorecer o projeto com foco na conquista de milhares de votos vindos da categoria de Enfermagem.
O principal impacto negativo nos hospitais, caso aconteça a aprovação da redução de carga horária desses profissionais, além do aumento de custo na folha de pagamento, será a dificuldade em montar uma escala de trabalho.
"Hoje em muitas instituições hospitalares um enfermeiro trabalha seis dias da semana. Se estes profissionais trabalharem apenas cinco dias será complicado fazer uma escala. Você tem que ter mão-de-obra para suprir está falta", comenta o presidente da Federação Brasileira de Hospitais, Eduardo de Oliveira, ao citar que as prefeituras e os governos terão dificuldades de arcar com o acréscimo nos custos.
Mas, o texto em questão não só reduz a carga horária, mas fixa também um valor de salário maior do que é fixado hoje. A classe dos enfermeiros pede por um piso de 10 salários mínimos, enquanto o atual está firmado em média de seis. Para Oliveira, a totalidade do projeto foi mal pensada e deve gerar prejuízos em todo o contexto da saúde no Brasil.

Opinião: Auditoria de Enfermagem - Um passo à frente no futuro



Por Áurea Prates e Rosemary Martins de Oliveira*

Para que esse setor desempenhe seu papel com exatidão, é necessário se incomodar com a situação atual
A auditoria de enfermagem tem como objetivo a avaliação sistemática da qualidade prestada ao cliente, e atualmente essa tarefa encontra-se difundida nas instituições privadas e públicas com o objetivo de minimizar desperdício de materiais, medicamentos, utilização errônea de equipamentos e recursos humanos.
Para que esse setor desempenhe seu papel com exatidão, é necessário se incomodar com a situação atual, ou seja, diariamente questionar-se se não haveria formas novas de fazer a análise, tanto do prontuário quanto da auditoria na beira do leito ou nas visitas técnicas.
Utilizando-se da epidemiologia podemos usar a coleta e agrupamentos das informações avaliando os dados baseados em critérios pré-estabelecidos, propor mudanças na forma de auditar, implementar se necessário e declarar as informações para que a partir destes dados possa haver inovações no processo.
Otimizar a análise de custos dos diversos prestadores também é uma das ferramentas para que todos tenham visão complexa dos vários valores praticados entre os diversos tipos de prestadores.
Proporcionando o contato com as tabelas utilizadas nas instituições e estudos aprofundados dos contratos firmados entre prestador e seguradora, tornando a auditoria sucinta e segurada na documentação disponibilizada.
Realizar o comparativo dos tipos de assistência oferecida entre prestadores com perfis de prestação de serviço semelhante é uma forma para que os auditores desenvolvam o olhar crítico dos diferentes prestadores possibilitando o surgimento de questões relevantes para o aprimoramento da Auditoria de Enfermagem. Para possibilitar este conhecimento há a necessidade de realizar visitas técnicas, momento oportuno para esclarecimentos de dúvidas e observar o trabalho operacional do prestador, partindo de um cronograma fixo para evitar turn over de auditores, fidelizando e uniformizando as tomadas de decisões perante os prestadores e mantendo as negociações já travadas. As visitas serão favorecidas de impressos próprios com direcionamento para os diversos casos encontrados e geração de relatórios indicadores de qualidade e questões éticas.
Aprofundar a parceria entre seguradora e prestadores de serviços é importante para que seja criado o laço de confiabilidade conhecendo os articuladores do processo de entrada ao serviço, como conseqüência o atendimento dos clientes com responsabilidade, honestidade e exatidão Evitando-se assim os casos de imperícia, negligência e imprudência, compartilhando as responsabilidades.
Por ser, em primeira instância, uma tarefa técnica, é relevante caminhar com as inovações que surgem diariamente. Só assim, sairemos do empirismo e rumaremos ao futuro.


*Áurea e Rosemary são Enfermeiras Auditoras

segunda-feira, 22 de março de 2010

Qualificação da Saúde Suplementar



Os últimos 10 anos foram marcados por várias mudanças no mercado de saúde suplementar, desde a criação da Lei 9656/98 que definiu as novas regras a serem implementadas na saúde privada, a criação da ANS em 2000, a implementação de regras para a troca de informações - TISS e mais recentemente, ainda a ser implementada, a Terminologia Única da Saúde Suplementar – TUSS. Estas regras refletem na atuação do Estado no processo da macrorregulação do setor privado em nosso paísComo ações do processo microrregulatório, a implantação do Programa de Qualificação da Saúde Suplementar (RN 139 e 196 –ANS), marca o início das ações da ANS na busca pela qualificação do setor, de modo a “torná-lo um espaço de produção de saúde, no qual as operadoras transformem-se em gestoras de saúde, os prestadores em produtores de cuidado e os beneficiários em usuários com consciência sanitária, além de qualificar a própria função reguladora voltada para tais objetivos”. O programa de qualificação em saúde suplementar envolve quatro dimensões: I - Atenção à Saúde - avaliação da qualidade da assistência à saúde prestada aos beneficiários de planos privados de saúde, buscando a identificação do impacto das ações de saúde em suas condições de vida. II. Econômico-Financeira - identificação da situação econômico-financeira da operadora frente à manutenção dos contratos assumidos em acordo com a legislação vigente. III - Estrutura e Operação - identificação do modo de produção da operadoraIV - Satisfação dos Beneficiários - identificação da visão do usuário no cumprimento ao estabelecido no contrato com a operadoraVárias estratégias podem ser adotadas pelos gestores, tanto de operadoras quanto prestadores de serviços de saúde, para atuar na busca dos objetivos definidos pela ANS e aumentar o índice de suficiência da saúde suplementar. Dentre elas, especificamente ligadas à dimensão-econômico financeira, a redução dos custos assistenciais, que reflete no índice de sinistralidade da carteira, que atualmente varia entre 80 a 100%. Pensar em sinistralidade remete a uma reflexão: quais ações podem ser realizadas? Uma dessas ações está diretamente ligada às negociações de valores pactuados nos contratos firmados entre as operadoras e os prestadores de serviços de saúde. Atualmente o maior volume de remuneração de procedimentos assistenciais está pactuado no modelo de remuneração Fee for Service (pagamento por prestação de serviços). Se pensarmos em profissionalização da gestão, também devemos pensar no modelo de Remuneração por Pacotes. Quais as vantagens e desvantagens desse modelo de remuneração de procedimentos assistenciais? Quais conhecimentos são indispensáveis aos profissionais que atuam em operadoras e prestadores de serviços de saúde para que estejam preparados para negociar procedimentos no modelo de remuneração por pacotes? Que procedimentos podem ser remunerados neste modelo?O modelo de remuneração por pacotes pode refletir na redução dos custos assistenciais, além na redução dos custos administrativos relacionados ao evento de saúde, e conseqüentemente no aumento do índice de desempenho da operadora na dimensão econômico-financeira.

sexta-feira, 19 de março de 2010

FERRAMENTAS E AÇÕES PARA A GESTÃO DA SINISTRALIDADE



A melhor maneira de conhecer, controlar e organizar os atendimentos aos clientes de uma operadora de plano de saúde é trazer para “dentro de casa” uma estrutura bem pensada, com resultados positivos em curto espaço de tempo.Esta é uma das propostas do Workshop “Ferramenta e Ações para a Gestão da Sinistralidade” que será realizado em São Paulo nesta terça-feira, 23 de março, e depois no Rio, Brasília e Porto Alegre.Lá vamos conhecer uma proposta de metodologia para implantar programas de custos efetivos de gerenciamento da saúde e também como estruturar um centro de prevenção e promoção da saúde eficiente, desenvolvendo projetos com os incentivos da ANS.Outro tema do workshop será como funciona o modelo de remuneração médica baseada na performance e o resultado brasileiro que está sendo implantado em várias operadoras de saúde. Saiba também o que empresas como NAGIS, ECOM, POSITIVO Informática e MICROSOFT fizeram. Conheça como a Unimed Bauru conseguiu implementar ações simples para redução da sinistralidade, que resultaram em economia de milhões de reais.Ao final, teremos o lançamento nacional da CENTRAL DE PARECERES, um serviço que faz a intermediação com médicos especialistas no Brasil e no mundo para emissão de pareceres que subsidiam tecnicamente a auditoria nos planos de saúde.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Sistema Lean de Gestão da Saúde


Saiba porque porque diversas empresas do setor da saúde - como hospitais - estão adotando o modelo

Por José Roberto Ferro*

Saiba porque porque diversas empresas do setor da saúde - como hospitais - estão adotando o modelo
Hospitais bem administrados sempre geram benefícios múltiplos: primeiro, é claro, para pacientes, que são mais bem atendidos. Mas também há a vantagem evidente para o "negócio hospitalar", um setor que gera milhões de empregos e receitas em todo mundo.
A gestão hospitalar é um campo fértil e ainda pouco cultivado. Mas já há boas iniciativas e caminhos a se seguir. É o caso, por exemplo, da ação pioneira de um dos mais importantes centros médicos do país, a rede de hospitais São Camilo, de São Paulo, uma das primeiras a adotar o Sistema Lean de Gestão (Lean Management).
Trata-se da filosofia de gestão que prega a eliminação total de qualquer processo produtivo que não agregue valor ao produto - o chamado desperdício -, um sistema que revolucionou a indústria automotiva e vem sendo copiado por empresas de todos os segmentos - incluindo na saúde.
Pioneira nessa área, a rede São Camilo tem implementado o Lean há cerca de 2 anos. E, segundo Carlos Eduardo de Campos, Gerente de Projetos e responsável pela implementação do sistema, já conseguiu, por exemplo, reduzir em 68% o estoque no pronto-socorro adulto da Unidade Pompéia. Também diminuiu em 47% o retrabalho no processamento de contas da Unidade Ipiranga. Reduziu em 18% o tempo de ciclo dos colaboradores que atuam na sala de medicação do pronto-socorro da Unidade de Santana. E derrubou em mais de 50% o tempo de setup (tempo de preparo) de leitos e de sala de cirurgia, liberando capacidade.
Para Carlos Eduardo, são reduções que representam economia de recursos e otimização de processos. E que deixam os hospitais mais eficientes, gerando maior qualidade e rapidez no atendimento. Tanto que a rede São Camilo implementa hoje 63 projetos de melhorias baseados no Sistema Lean - e em todas as unidades há diversos especialistas treinados no Sistema.
Carlos concorda também que além das melhorias concretas mais imediatas e que geram economia, o Sistema Lean ainda ocasiona uma "mudança de atitude" nos colaboradores. Ao se conscientizarem sobre a eficácia do Sistema, eles geralmente desenvolvem uma "visão critica do ponto de vista do processo" e passam a identificar aquelas atividades que são realmente percebidas e valorizadas pelos clientes". Conseqüentemente, eles próprios começam a efetuar cotidianamente uma série de iniciativas de melhorias.
Fora do Brasil, o movimento lean nos hospitais é muito mais forte. Em evento do Lean Institute Brasil, o especialista norte-americano Guy Parsons detalhou a aplicação do Sistema Lean em dois dos mais importantes centros médico-hospitalares dos Estados Unidos: a Mayo Clinic, um dos mais importantes centros de serviços clínicos e hospitalares, em Rochester-Minnesota; e também o caso do Mass General Hospital, uma das mais antigas instituições hospitalares. Atualmente há centenas de hospitais implementando lean nos EUA.
Outro caso interessante é do Flinders Medical Centre, um hospital público e também escola de medicina do Sul da Austrália que vem conquistando bons resultados com a aplicação do lean. E que despertou o interesse do governo australiano do Estado de "New South Wales", que vem disseminando lean em toda a rede hospitalar. Assim como na Inglaterra, onde o National Healthcare System (NHS) está implementando essa filosofia no sistema nacional de saúde.
Engana-se, porém, quem pensa que o Sistema Lean só serve para grandes instituições. Diferente disso, ele pode e deve ser aplicado em entidades de saúde de qualquer tamanho: de grandes hospitais a pequenas clínicas.
Tanto verdade que um renomado especialista internacional em Sistema Lean, o dentista Sami Bahri publicou um livro intitulado Follow the learner, no qual relata a história de transformação de sua prática clínica, em Jacqsonville, Flórida-EUA, que aumentou sua produtividade em 35% e diminuiu o Lead Time em 79%.
"O desafio está em como coordenar os serviços de apoio para suportar o fluxo de uma só peça uma vez que tenha sido identificado. Ele é o mesmo, seja num consultório odontológico ou em qualquer clínica médica ambulatorial. É, essencialmente, idêntico, mesmo em um hospital, apenas em uma escala maior", escreveu John Shook em seu artigo "Uma visita ao dentista que você pode gostar", publicado recentemente no site do Lean Institute Brasil (www.lean.org.br).
Apesar dessas iniciativas, a implementação do Lean na gestão da saúde ainda está em fase inicial no mundo e no Brasil. "Mas já há muitos hospitais adotando o sistema no país por perceberem rapidamente os benefícios concretos que ele traz a gestão hospitalar", destacou o gerente do São Camilo.


*José Roberto Ferro é Presidente do Lean Institute Brasil (www.lean.org.br), entidade sem fins lucrativos criada para disseminar no Brasil o Sistema Lean inspirado no Modelo Toyota; é "Senior Advisor" do Lean Enterprise Institute, dos EUA e membro do Board da Lean Global Network (LGN).

terça-feira, 9 de março de 2010

Resultado da Medial reduz lucro da Amil para R$ 24,5 milhões

Resultado da Medial influenciou no balanço do quarto trimestre de 2009 da Amilpar. Valor ficou 60,9% abaixo do lucro de R$ 62,7 mi, em 2008.

A operadora de planos de saúde Amil Participações (Amilpar) recuou o seu lucro líquido de R$ 24,5 milhões no quarto trimestre de 2009, em balanço que consolida os resultados de um mês da Medial Saúde.
Segundo o documento apresentado, o valor ficou 60,9% abaixo do lucro de R$ 62,7 milhões apurado em igual período do ano passado. Pesou na cifra o prejuízo de R$ 17,9 milhões registrado pela Medial.
Já a receita líquida da empresa chegou a R$ 1,4 bilhão, uma alta de 22,7% em relação aos três últimos meses de 2008. No entanto, nessa base de comparação, o resultado operacional medido pelo Ebitda recuou 6,3%, para R$ 97,9 milhões.
Assim, a companhia acumulou lucro de R$ 111,9 milhões no ano passado, 48,4% abaixo do resultado líquido de 2008.
A Amil ainda informou que realizou investimentos de R$ 249,7 milhões em 2009, uma alta de 8,8%. Esses desembolsos não incluem os efeitos nem os valores relativos à aquisição da Medial, de R$ 612,5 milhões.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Os caminhos para agregar valor aos serviços



Entendimento entre os players é a principal desafio a ser vencido.


Em que pesem os obstáculos da lógica do mercado, recursos financeiros e agenda regulatória, hospitais e operadoras têm aumentado seus esforços para, juntos, terem clientes mais satisfeitos e resultados operacionais adequados à sua sobrevivência no mercado.
Na opinião de Nancy, a busca por relações mais harmoniosas e de confiança é o caminho para o sucesso dos players da saúde. "Eles têm o mesmo cliente, que é o paciente, mas a relação não é integrada como deveria ser. O processo tem de ser único, porque o paciente compra o plano de saúde confiando no contrato e só vai ver o que comprou depois, quando precisa, já que o serviço não é entregue na hora. Por isso, se faz necessário um grande entrosamento e visão sistêmica, porque é a mesma cadeia de valor e processo", explica.
Na opinião do coordenador da especialização em Administração Hospitalar do Centro Universitário São Camilo, Adriano Antonio Almeida, a implantação do padrão Troca de Informações em Saúde Suplementar (TISS) foi um grande avanço para o relacionamento entre hospitais e operadoras. "Embora, no começo, o prestador de serviços tenha se sentido invadido com a troca de dados, a TISS trouxe mais transparência ao sistema. Quando se estabelecer a confiança entre os players, vai prevalecer o trabalho conjunto e o cliente estará no centro da estratégia. Hoje, durante os conflitos, ele fica em segundo plano", avalia. "Com transparência e resolutividade, olhando valor e não só custo, a relação será mais benéfica para o paciente e pode caminhar para um ponto em que a própria operadora venda a imagem do hospital."
Embora pareça um ideal utópico, iniciativas nesta direção começam a despontar.
Iniciativa bem sucedida
Em Porto Alegre, as relações entre a Unimed e os hospitais credenciados eram "litigiosas", nas palavras do próprio diretor de provimento de saúde da cooperativa, Paulo Roberto Soares. A situação começou a mudar em 2007, quando, com resultados negativos, a operadora decidiu procurar os cinco maiores hospitais da cidade: Mãe de Deus, Moinhos de Vento, Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Divina Providência e Hospital de Clínicas de Porto Alegre para expor sua situação financeira e propor uma nova forma de remuneração. "Reunimos as instituições que representam mais de 75% dos atendimentos aos nossos beneficiários e acordamos um sistema de orçamento global, em que, independente do movimento, um valor seria pago mensalmente, sem restrição de atendimento", relembra Soares.
O acordo foi renovado em 2008 e, em 2009, evoluiu para um contrato com duração prevista até fevereiro de 2013, que prevê o orçamento global e uma banda de risco: se o hospital realizar procedimentos acima dos orçados, oferece um desconto no pagamento e, se ficar abaixo do orçado, passa a ser considerado mais eficiente e ganha um bônus.
"Este modelo trouxe duas consequências positivas para os hospitais e para a Unimed: bons resultados financeiros e previsibilidade. Além disso, a parceria mudou o paradigma dos diálogos entre prestadores de serviços e fontes pagadoras, porque trouxe mais transparência e confiança às relações."
O superintendente administrativo do Hospital Moinhos de Vento, Fernando Torelly, concorda que estes foram os maiores benefícios obtidos. "O recurso previsto neste acordo é fruto da produção assistencial do hospital ao convênio. A inovação é o fluxo de pagamento fixo mensal, com acerto de contas quadrimestral, assegurando ao hospital, em dia certo, o respectivo pagamento em valores previamente acordados, melhorando a previsibilidade do fluxo de caixa", explica.
Torelly destaca que o acordo só foi possível porque havia a disposição de todos os dirigentes para trabalhar em uma pauta conjunta, que permitisse a ampliação do mercado de saúde suplementar no Rio Grande do Sul. "Entre as ações, criamos um comitê de faturamento envolvendo todos os hospitais, para discutir e simplificar as práticas operacionais que agregam custo e prejudicam nossas operações; realizamos uma ação conjunta entre os hospitais e a Unimed Porto Alegre para ajustar os preços de órteses e próteses à realidade de mercado; aprimoramos o relacionamento entre equipes de gestão e operacionais de ambas as instituições; revisamos regras de negócios que impactavam em glosas, o que contribuiu para reduzir estes índices; e definimos uma pauta anual de negociações, visando o reajuste em diárias e taxas", enumera.
Em sintonia, os gestores de ambas as instituições concordam que o importante é o que traz diferenciais palpáveis ao cliente, como a segurança e a qualidade no atendimento. "A percepção do cliente é a mesma da operadora, do médico e do hospital. Quando atuamos em sintonia, as definições ocorrem de maneira mais fácil. Atuando em conjunto com o hospital e o médico, que é tanto cooperado da Unimed como membro do corpo clínico, começamos a trabalhar em protocolos padronizados e discutir a incorporação de novas tecnologias", analisa Soares.
A negociação chegou a tal ponto que hoje é a cooperativa quem compra órteses, próteses e materiais especiais (OPME). "O hospital deixou de ter renda em cima da comercialização destes materiais, mas fizemos uma nova composição dos valores das diárias, para reduzir as perdas financeiras decorrentes desta operação. Com isso, quebramos a atual lógica do mercado e o hospital voltou a ser remunerado por sua atividade-fim", opina Soares.
O acordo ainda precisa de ajustes e revisões periódicas, sob a óptica dos hospitais. "No Moinhos de Vento, estamos crescendo em índices superiores aos previstos no orçamento, necessitando de repactuações de valores, que devem ocorrer de forma quadrimestral. Também acreditamos que o acordo deve evoluir neste ano para a implementação de ações previstas, como revisão e melhor formatação dos elementos reguladores, principalmente no que envolve a criação ou ampliação de novos serviços; e ação conjunta envolvendo o corpo clínico para padronização e uso de materiais e medicamentos", pondera Torelly.
A Unimed se compromete e diz que também quer inserir novos procedimentos em seu rol, além de estudar o pagamento por performance, que, entre outros itens, levará em conta a acreditação, uma antiga demanda de hospitais, como o Moinhos de Vento, acreditado pela Joint Commission International. "Entendemos ser este um dos grandes desafios da saúde suplementar no Brasil, que deveria valorar a qualidade, até porque esta tem custo, de forma diferenciada. Acreditamos que em breve esta discussão pautará nossos relacionamentos", estima o executivo do hospital.
O que ninguém discorda é que este acordo já sinaliza um grande passo, com mudanças para melhor nos negócios de fontes pagadoras e prestadores de serviços. "O relacionamento estratégico entre hospitais e operadoras deve ser mantido e ampliado. Temos que trabalhar juntos para aumentar o mercado, manter e, se possível, ampliar as margens de nossos negócios. O conflito não permite alianças estratégicas duradouras e sustentadas pela confiança", conclui Torelly.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Saúde nos Negócios



Por Edison Cunha

Na agenda dos empresários do segmento de seguro-saúde, vários tópicos ocupam espaço para discussão: aumento da sinistralidade decorrente de procedimentos mais onerosos e recentes epidemias, conformidade com as exigências da ANS (Agência Nacional de Saúde), portabilidade dos planos, geração de caixa, inadimplência, crescimento versus consolidação, dentre outros itens.
Todas estas questões merecem pelo menos o esclarecimento do que precisa ser feito para conviver com as mudanças que ocorrem no segmento e também no próprio sistema de gestão e comercialização do negócio. O fato é que a rapidez e eficiência nos diagnósticos de doenças crônicas e a assertividade dos tratamentos com medicamentos mais eficazes convivem agora com a escassez de recursos na área.
O atendimento às resoluções da agência reguladora cria um conflito de interesses entre os prestadores de serviços e os usuários finais, impactando diretamente no desempenho das empresas de menor escala de atendimento, que se veem obrigadas a abrir espaço para os competidores mais bem estruturados à nova realidade, tendendo, assim, a desaparecer do mercado de saúde inúmeros players.
Neste cenário de aparente indefinição no segmento, a dúvida que assola os empresários é crescer e adquirir musculatura para competir ou consolidar as operações a um nível adequado de sobrevivência.
Sem dúvida, o interesse maior de cada empresário é continuar crescendo de forma sustentável e, para tanto, planejar este crescimento se faz necessário. O exercício de reflexão estratégica passa por estabelecer uma visão externa do mercado e uma visão interna das competências que a organização deve ter para competir.
Começando pelo ambiente externo, é necessário monitorar os aspectos que impactam no desempenho do setor, tais como: perspectivas de crescimento, evolução da renda per capita da população abrangida, índices macroeconômicos e fatores inerentes à competição, incluindo a concorrência, política de preços, canais de venda, potenciais nichos de mercado e escopo de atuação geográfica.
De posse destas informações, alguns questionamentos deverão ser formulados para definir a estratégia a ser seguida. E isso passa pela definição dos mercados-alvo, os clientes potenciais em cada segmento, o tamanho do mercado, as tendências econômicas e tecnológicas, os competidores existentes no mercado-alvo, os players emergentes, dentre outras informações.
Com esta visão de mercado e demais variáveis, é possível a formulação de uma estratégia visando o aproveitamento das oportunidades ou na conquista de clientes insatisfeitos com os concorrentes.
Entretanto, a organização deve estar preparada para este crescimento e isto significa torná-la mais ágil, ter equipes preparadas para administrar a mudança, conhecer suas competências essenciais e alavancar seus pontos fortes quando as oportunidades surgirem.
Para tanto, deverá promover uma reestruturação nos processos de atendimento, agilizando as decisões, estabelecendo metas de desempenho alinhadas à estratégia, integrando as informações fazendo uso da tecnologia e automação, redimensionando recursos e atuando no controle e redução dos custos e despesas, principalmente no momento em que experimentar o crescimento.
Um ponto em comum em todas as organizações que vêm conseguindo bons resultados é a profissionalização de suas administrações, assunto que adquiriu importância no setor de saúde nos últimos anos.
As recompensas que advém de uma reflexão estratégica são várias e as empresas que não se sentem preparadas para conduzir este processo tem buscado apoio na consultoria para atuar como facilitadora, provedora de metodologias e integradora das idéias que fluem durante todo este exercício. Assim, quem pretende mudar uma organização deve procurar conhecê-la, descobrir sua identidade, sua cultura e seus valores, sem procurar impor modelos pré-concebidos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Heráclito Gomes Júnior deixa a presidência da Bradesco Saúde

Executivo assume o cargo de diretor-superintendente da Qualicorp, posto antes assumido por João Alceu Amoroso Lima

Heráclito de Brito Gomes Júnior é o novo diretor-superintendente da Qualicorp, corretora paulista de planos de saúde que administra uma carteira de aproximadamente 1,3 milhão de vidas. O executivo irá substituir João Alceu Amoroso Lima, que ficou no cargo menos de um ano e anteriormente era vice-presidente da seguradora SulAmérica Saúde.
Gomes deixou a presidência da Bradesco Saúde depois de ter atuado por 10 anos na companhia. O seu cargo dentro da seguradora será ocupado pelo economista Marcio Serôa de Araujo Coriolano, que até então era diretor-gerente na Bradesco Saúde. Formado pela PUC-RJ, o executivo assumiu a nova função nesta quarta-feira (3).
A Bradesco Saúde fechou 2009 com um lucro líquido de R$ 462,1 milhões e uma carteira de cerca de 4 milhões de vidas. Já a Qualicorp não revela seu faturamento, mas é uma empresa capitalizada desde a entrada do fundo americano de private equity General Atlantic, em 2007. Segundo especulações, o fundo pagou US$ 100 milhões por 40% do capital da Qualicorp. Desse montante, cerca de um terço seria aplicado para o crescimento da empresa e o restante pago para o controlador e fundador da empresa.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Operadoras devem informar ANS sobre número de beneficiários

Procedimento é por conta do cálculo da Taxa de Saúde Suplementar por Plano de Assistência à Saúde (TPS), referente ao trimestre 03/2010.

Visando o cálculo da Taxa de Saúde Suplementar por Plano de Assistência à Saúde (TPS), ANS informou que a partir de 1º de março as operadoras devem informar o número total de beneficiários entre os meses de dezembro de 2009 e fevereiro de 2010, e, ainda, emitir a Guia de Recolhimento da União (GRU) correspondente a essa taxa. O prazo para as operadoras é até o último dia útil do primeiro decêndio do mês de março. Em caso de atrasos, há perda de descontos e cobrança de multa e juros de mora, como prevê os artigos 11 e 12 da Resolução Normativa nº 89, de 15 de fevereiro de 2005.
Para maiores informações, acesse o site da
ANS.

terça-feira, 2 de março de 2010

Planos de saúde: quem paga os novos tratamentos?




Entra em vigor no próximo dia 7 de junho a Resolução nº. 211 da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). A norma inclui 70 novos tratamentos médicos e odontológicos como obrigatórios na cobertura dos planos de saúde e se aplicará a todos aqueles que possuem contratos celebrados a partir de 2 de janeiro de 1999 - quando entrou em vigor a Lei nº 9.656/98, que regulamentou o setor.
Entre as novas coberturas destacam-se o transplante heterólogo (de uma pessoa para outra) de medula óssea, PET-Scan para diagnóstico de câncer de pulmão, implante de marcapasso multissítio, oxigenoterapia hiperbárica, mais de 20 tipos de cirurgias torácicas por vídeo, além de importantes inclusões no segmento odontológico, como colocação de coroa unitária e bloco.
Referido ato da agência reguladora visa garantir aos beneficiários de planos de saúde uma cobertura mais ampla e eficaz, com o nítido objetivo de ver resguardado o pleno direito à saúde, previsto constitucionalmente. Ocorre que os novos tratamentos trarão impacto financeiro aos contratos já existentes, com inquestionável elevação dos gastos das seguradoras de saúde para garantir a cobertura obrigatória.
A questão é: quem arcará com essa majoração dos gastos?
Considerando que as empresas de planos de saúde exercem atividade econômica lucrativa, existem apenas duas opções: ou haverá o reajuste do valor dos contratos, para incluir os novos procedimentos, ou seja, será repassado aos consumidores o aumento dos gastos; ou ocorrerá a decadência da qualidade do serviço prestado, com as seguradoras contratando profissionais de menor capacidade e adquirindo instrumentos e equipamentos de menor qualidade. Em ambos os casos, os que sofrerão diretamente serão os consumidores, restando a eles pagar mais caro pela cobertura ou ter à disposição um serviço de pior qualidade.
Contudo, deve-se levar em consideração que a ampliação dos tratamentos oferecidos pelos planos de saúde é necessária e justa, principalmente diante do direito do beneficiário em ter o mais amplo e eficaz atendimento pelo serviço de saúde contratado, como recompensa do esforço de arcar com as altas mensalidades.
O que se pretende demonstrar é que no atual quadro da saúde brasileira, a função do Estado se limita a regulamentar, impondo à sociedade - como única saída para se obter um tratamento médico digno e completo - a contratação de plano de saúde privado, deixando nitidamente de lado a sua função primária, que é a de fornecer as garantias mínimas para o bem-estar da sociedade, como é o caso da saúde pública.
Conclusão. A contratação de um plano de saúde deixou de ser artigo de luxo dos cidadãos e passou a ser questão de necessidade, já que sem ela corre-se grave risco de não se conseguir atendimento digno nos serviços públicos de saúde.
Desse modo, não resta alternativa aos consumidores senão aceitar as majorações das mensalidades dos planos médicos e "aplaudir" a preocupação estatal em garantir, através de regulamentação, a ampliação dos tratamentos na rede privada de saúde.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Prevenção é saída para plano de saúde


As operadoras de plano de saúde entenderam que os programas de prevenção da saúde , com a reestruturação no modelo de atendimento ao paciente, é um dos principais caminhos para a redução de custos, além de trazer benefícios ao cliente. Com a competitividade do mercado, novos procedimentos de atendimento estipulados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e a expectativa de envelhecimento da população, a alteração no modelo de atendimento dos planos tornou-se fundamental para a sobrevivência das operadoras. "Caso contrário, o setor corre o risco de sucumbir em menos de 50 anos", avalia o presidente da Federação das Unimeds de Minas Gerais, Emerson Fidelis Campos.
As operadoras de saúde estão se reestruturando para mudança no modelo de atendimento ao cliente. Emerson Campos ressalta que essa reorganização é uma discussão nacional e deve levar à redução dos preços dos planos. "Queremos trabalhar para manter a saúde. Evitar que o plano seja usado apenas quando o paciente estiver com algum problema grave. É uma mudança de foco. No lugar de tratar da doença, vamos promover a saúde", ressalta Campos.
A ANS vem estimulando os programas de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças, com uma mudança no modelo de assistência que está em vigor hoje. Segundo a agência reguladora, grande parte das doenças que acometem a população atualmente é passível de prevenção.
Assim como a Unimed, outras operadoras, como Golden Cross e Bradesco Seguros, estão com fortes investimentos nos programas de prevenção de doenças. Na Golden Cross, mais de 9 mil associados são atendidos hoje pelo Golden Vida, um leque de produtos direcionados à qualidade de vida, promoção, prevenção e reabilitação da saúde. O programa está dividido nos módulos de atenção básica, de prevenção a doenças e de atenção especializada para doentes em variados estágios. O objetivo é melhorar a qualidade de vida, incentivar hábitos saudáveis e otimizar os cuidados aos portadores de doenças crônicas.
Na Bradesco Saúde, o programa Juntos pela saúde leva aos segurados algumas ferramentas para prevenir doenças, como questionários de avaliação de saúde, folhetos educativos, palestras e vacinas anuais contra a gripe. Segundo a operadora, os participantes do programa tiveram índices de sinistralidade reduzidos entre 15% e 30%, com redução em fatores de risco como sedentarismo e obesidade, além de melhorar a qualidade de vida e reduzir o custo da assistência. A seguradora acredita que a informação e a assistência oferecidas fazem com que os participantes do programa tornem-se mais conscientes e motivados a mudarem hábitos de vida e o comportamento em relação à sua saúde.