As Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME), têm, cada vez mais, comprometido os custos da assistência à saúde.O avanço tecnológico nessa área tem sido vertiginoso, especialmente em algumas especialidades como cirurgias de coluna, ortopédicas e endovasculares.Hoje, os pacientes participam da prescrição e definição da técnica a ser utilizada na cirurgia, pois são grandes usuários da internet, que têm todo o tipo de informação, e o leigo não sabe discernir o que é confiável do que não é. O médico precisa ser muito bem formado e seguro para impor suas indicações, perante as informações que o paciente já traz na primeira consulta após o diagnóstico.Não bastasse isso, os médicos são assediados pelas distribuidoras de materiais e fabricantes. Esses estão dentro dos centros cirúrgicos dos hospitais, oferecendo ao profissional, materiais que facilitam o seu trabalho, sem, no entanto, trazer a confirmação de sua eficácia para o paciente. Alguém paga essa conta, pois o material oferecido não é de graça.Alguns médicos, ainda, não só determinam a marca do material requisitado (o que pode ser entendido), mas exigem o fornecedor do mesmo (o que não pode ser justificado, uma vez que o material é o mesmo). O direcionamento a algum fornecedor impossibilita a compra do OPME pelo melhor preço, tanto pelo hospital como pela operadora de saúde.Somado a esse cenário, ainda as Operadoras de Saúde têm que se preocupar com a crise financeira mundial, que além do impacto pelo aumento do dólar em medicamentos, materiais e outros insumos, sofrerão a redução de vidas, pelo desemprego que já é premente.O custo de OPME corresponde a aproximadamente 10% do sinistro total das operadoras e em torno 20% do custo em internações, o que demonstra a importância do item na composição dos custos em saúde. Apesar de vários esforços na gestão desse custo, o peso do material especial na conta médica aumentou.Conforme dados da ANS (Caderno de informação de saúde suplementar 2008), o setor de saúde suplementar tem sofrido variação nos custos médios em internação em torno de 14% ao ano, desde 2002. Esse incremento nesse período certamente tem como grande responsável as órteses, próteses e matérias especiais. Face a todo esse panorama, as operadoras de saúde têm concentrado seus esforços em controlar os gastos com OPME. Existem várias modalidades de regular essa demanda como:
1. Analisar previamente à internação a requisição do uso de OPME e discutir com o médico solicitante alternativas menos onerosas, sem prejuízo ao paciente - análise essa feita por generalistas ou especialistas (esse último mais eficiente quando for necessário a discussão técnica).
2. Negociar os valores de materiais e taxas de comercialização mais baixas com os hospitais.
3. Comprar esses materiais dos fornecedores, com negociações por demanda, disponibilizando-os para a cirurgia sem a interferência do hospital (apenas pagando a taxa de "manipulação").
4. Estabelecer negociação com fornecedores, com custos mais baixos em troca de volume.
5. Comprar os materiais através de portais de cotação e concorrência.
6. Remunerar cirurgias por pacote, com o custo de OPME inclusos no valor.
7. Estabelecer protocolos de autorização baseados em Guide Lines já aprovados pelas sociedades e precificar os materiais previamente, negociando com o prestador de serviços.
8. Convidar os pacientes a se submeterem a consulta de segunda opinião.
Tenho certeza que todas as opções acima são (ou já foram) utilizadas pelas operadoras no mercado de saúde suplementar.Aliado a essas medidas, a ANS instituiu uma Câmera Técnica de Avaliação de Incorporação de Novas Tecnologias, que estuda não somente OPME, mas também novos exames e técnicas cirúrgicas.Quando uma Operadora de Saúde nega algum material de alto custo, mesmo que embasada tecnicamente, de imediato cria-se um problema para todos os protagonistas do sistema - paciente, médico, hospital, operadora e a empresa financiadora. Todos ficam descontentes ou desconfortáveis.Temos que nos unir e buscar a melhor alternativa para o paciente, garantindo o sucesso de sua cirurgia e o resultado proposto ao mesmo, mas tomando cuidado para que ele não perca esse benefício - que lhe é tão valioso - por impossibilidade de poder ser associado a algum plano de saúde.Pagar um bom plano de saúde individual é um luxo que poucos podem ter. Diante dessa perspectiva, todos devemos estar comprometidos em manter a saúde dos planos de assistência suplementar e o acesso aos mesmos à população em geral.Não resta dúvida que todos os envolvidos no sistema de saúde suplementar devem se unir e encontrar o melhor caminho para resolver essa questão. Assim, para incorporar alguma tecnologia a sua rotina, o médico assistente deve considerar:
1. Ter a certeza de que tal medicamento, equipamento ou material tem seu registro devidamente atualizado junto aos órgãos públicos responsáveis (ANVISA), e que tal registro esta de acordo com a utilização pretendida.
2. O risco que tal aparelho, técnica ou exame pode apresentar ao paciente se mal empregado.
3. A eficácia de tal proposta.
4. A efetividade.
5. Os benefícios assegurados ao cliente.
6. A qualidade e quantidade dos trabalhos realizados com tal indicação, assim como os resultados obtidos.
7. A relação Custo X Benefício.
8. A possibilidade do local aonde a nova tecnologia for aplicada, estar adequado à mesma.
As operadoras de saúde, antes de negar qualquer nova técnica, devem fazer a mesma avaliação.Os custos administrativos que todos arcam em torno desse assunto poderão ser revertidos para outras atividades que agregarão mais valor ao consumidor final - o paciente. O médico tem que justificar a solicitação do material, enviar vários fdocumentos e fazer várias ligações, além do desgaste emocional. O hospital tem que ter funcionários para enviar as solicitações às Operadoras de saúde e controlar as autorizações recebidas, e estas contratam verdadeiros exércitos para gerenciar esse custo. Ao final, quem sai realmente perdendo é o paciente; razão precípua da existência de qualquer sistema de saúde.