sexta-feira, 5 de junho de 2009


Evolução da Enfermagem na Gestão em Saúde

O antigo modelo de sistema de saúde
centralizado, cujos alicerces decisórios se restringiam em âmbito federal e estadual, tornaram-se inadequados com a implantação do SUS no Brasil em decorrência da descentralização e a municipalização.
Através do processo de implementação do SUS, os
gestores municipais adquiriram maior
autonomia, seguida de responsabilidade na
gerência de serviços de saúde.
A enfermagem tem demonstrado nos
últimos anos, potencial para implantação,
manutenção e desenvolvimento das políticas de
saúde, demonstra ser ela o eixo principal para
suportar qualquer política de saúde que tenha
como objetivo a assistência de qualidade.
Entretanto, a atuação do enfermeiro como
gestor sofre interferências que podem
comprometer seu desempenho, dentre as quais
se destaca: condições de trabalho
insatisfatórias; tensão provocada pela pressão
da demanda excessiva; falta de recursos;
qualidade insatisfatória e ausência de
integralidade no sistema de saúde;
precariedade dos sistemas de informação
operacionais, dificultando a avaliação de
resultados; falta de política de desenvolvimento
integrado de recursos humanos; decisões
políticas (ingerência política); interesses
político-partidários, externo à vida
organizacional; falta de conhecimento técnico-científico
sobre o sistema de saúde, como
também das leis, normas e diretrizes que regem
a saúde.
Além dos fatores intervenientes já citados,
observamos na literatura críticas à própria
formação do enfermeiro, tais como:
descontextualização em relação às realidades
regionais e às práticas que realiza,
desconsideração do trabalho como princípio
pedagógico, contato tardio do aluno com a
futura prática profissional, valorização do
domínio de habilidades técnicas voltadas para
um sistema de alta complexidade, reduzida
ênfase no trabalho multiprofissional, currículos
pouco flexíveis, dicotomia entre teoria/prática,
pensar/fazer, cuidar/administrar; sendo
necessário uma lapidação no sentido do
gerenciamento, pois os órgãos formadores
ainda não proporcionam capacitação aos
enfermeiros para torná-los aptos para
desempenharem a função de gestores de
saúde, conforme assinala Barbosa et al, a
profissão proporciona aos enfermeiros um
campo vasto de experiências, principalmente
quanto à liderança, comunicação, pesquisa,
organização, promoção e prevenção à saúde;
porém, em todas o enfermeiro ocupa a
liderança dentro das instituições direcionando
grupos a um objetivo comum. Esta
característica de liderar comunga com o
gerenciamento de serviços e a razão de ser da
profissão, pois o enfermeiro possui um perfil
gerencial que é delineado pela sua formação
acadêmica, ou seja, o seu grau de
conhecimento técnico e por suas características/
qualidades pessoais e profissionais.
No campo da saúde coletiva, o enfermeiro
possui maior interligação com a comunidade,
detectando seus problemas, objetivando ações
para o controle e melhoria da qualidade de vida.
O enfermeiro em saúde pública possui uma
visão da realidade que contribui para a criação
de estratégias em busca da resolução de
problemas.
A enfermagem como disciplina profissional
visa à construção do conhecimento entendido
como gestão em enfermagem, que pode ser
expresso pelo processo de trabalho, ou seja, um
conjunto de atitudes do enfermeiro para manter
a coerência entre o discurso e ação.
O conhecimento organizacional necessita
de uma gestão e de uma enfermagem que se
situa na interseção dos fluxos de informação,
contribuindo com a melhoria das práticas de
saúde através de uma cultura de
compartilhamento do conhecimento.
Em síntese, podemos dizer que a atuação
do enfermeiro como gestor depende,
primeiramente, do conhecimento que este tem
do processo de gestão em saúde, dos caminhos
e da possibilidade de abertura ou
desencadeamento de processos sociais e
intersubjetivos de criação e recriação constante
de acordos, pactos e projetos coletivos, como
também de criar planos diretores com aplicação
coordenada de recursos e atividades capazes de
integrar ações sobre o meio ambiente, sobre a
coletividade, sobre serviços assistenciais
(público e privado), os conselhos municipais de
saúde, os sistemas de informação de interesse
em saúde, sua análise, interpretação e
avaliação de resultados.

A formação do Enfermeiro para a Gestão dos
Sistemas de Saúde

Com a implantação do novo modelo
assistencial e a necessidade da
formulação de novas políticas educacionais; a
saúde e a educação passam por um processo de
transformação o qual nos leva a reflexão
histórica destes processos para a construção de
novas realidades.
A transformação do projeto político
pedagógico institucional é uma mudança muito
complexa cuja efetivação só será possível com a
participação de todos os atores envolvidos e do
aprofundamento do debate político
conceitual.
As novas diretrizes curriculares falam de
formação crítica e reflexiva, visando a
capacitação do enfermeiro para atuar em
diferentes níveis de atenção do processo saúde-doença,
na perspectiva da integralidade da
assistência, o que não se consegue em uma
formação hospitalocêntrica.
Nos dias de hoje, devido às grandes
mudanças, como a globalização, torna-se
necessário a avaliação e a revisão do modelo de
ensino de enfermagem no Brasil.
A atualização constante do profissional de
saúde através de um processo de formação
contínua que contemple a aquisição de
habilidades técnicas e o desenvolvimento de
suas potencialidades no mundo do trabalho e no
meio social se faz necessário em decorrência da
crescente acumulação de conhecimentos.
Bagnato descreve como as fases da
educação/ensino de enfermagem no Brasil, a
religiosa, a vocacional, a funcionalista, a da
organização dos princípios científicos e a da
construção das teorias de enfermagem.
A fase religiosa sofre influências da igreja
devido à conotação de um trabalho
espiritualizado, impossibilitando às pessoas que
se dedicavam ao trabalho de enfermagem
reivindicar ou terem direitos. Na fase
vocacional, surge a institucionalização da
profissão, valorizando o trabalho e a disciplina
na conduta dos profissionais. A fase funcional
tem como objetivo formar um profissional controlável,
caracterizando-se pelo desempenho de procedimentos e tarefas.
Na fase de organização dos princípios científicos é
marcante a preocupação em identificar e utilizar
os princípios científicos na prática de
enfermagem. Com o objetivo de construir um
corpo de conhecimentos que confira à
Enfermagem o “status de ciências” surge a fase
de construção das teorias de enfermagem.
Há ainda um predomínio de características
das tendências liberais, particularmente, da
tradicional, referente à metodologia de ensino
utilizada nos cursos de enfermagem, tais como:
relação professor/aluno verticalizada,
autoritarismo, fala centrada dos professores,
cobrança do comportamento ético e moral dos
alunos e outros.
Não se questionam estes procedimentos,
estas cobranças, é a exigência, é a conduta, é a
norma pela norma que por muitas vezes
desfocam os verdadeiros valores, objetivos e
finalidades da educação/ensino de enfermagem
tais como: a busca da autonomia profissional,
de elaboração de uma proposta de formação
que enfatize/ valorize características de análise,
de reflexão, de crítica e de superação de
paradigmas para concepções que sustentam
uma formação profissional comprometida com
um projeto pedagógico-histórico-políticofilosófico
e social que subsidie ações, práticas
de saúde voltadas para a maioria da população
atendida por estes profissionais.
Neste sentido, torna-se imprescindível a
revalorização do trabalho como sítio privilegiado
de aprendizagem, viabilizando desenvolvimento
de estratégias educativas nas quais, a reflexão
crítica e a atitude problematizadora sejam
valorizadas.
A prática educativa referida como a mais
apropriada ao agir na saúde coletiva consiste na
pedagogia da problematização por promover a
valorização do saber do educando,
instrumentalizando-o para a transformação da
realidade e de si mesmo. Esta prática possibilita
a efetivação do direito da clientela às
informações, de forma a estabelecer sua
participação ativa nas ações de saúde, assim
como para o desenvolvimento contínuo de
habilidades humanas e técnicas no trabalhador
de saúde, fazendo com que este exerça um
trabalho criativo. Devido a estas características
a pedagogia da problematização caminha ao
encontro dos princípios e diretrizes da Promoção
da Saúde em busca de uma sociedade mais
democrática em prol do desenvolvimento das
potencialidades dos indivíduos e da coletividade.
Assim, a Gestão na área de saúde torna-se muito mais plausível
e, consequentemente, mais eficaz.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Desafios da Saúde Suplementar

O aumento crescente nas despesas relacionadas aos “Planos de Assistência a Saúde” oferecidos pelas organizações está a exigir do Gestor Corporativo soluções para pelos menos dois desafios: Manter uma força de trabalho saudável, motivada e preparada para a extrema competição mercadológica; e, Organizar um “Sistema de Saúde”, capaz de responder a imprevisibilidade da morbidade humana, a redução dos custos inerentes e a manutenção do benefício do Plano de Saúde como um diferencial competitivo. O beneficio da Assistência Médica, amplamente oferecida pelas corporações se transformou em “commodities”, não sendo mais possível suprimi-lo. Em 2007 o Sistema de Saúde Suplementar, movimentou mais de 40 bilhões de reais, ficando cerca de 70% deste total subsidiados diretamente pelas empresas, posicionando o beneficio do Plano de saúde como o segundo maior gasto na área de recursos humanos. Portanto o desafio gerencial consiste em promover a inversão da “lógica” de gestão substituindo a visão centrada primariamente na assistência a morbidade humana numa abordagem cientifica que coloca os indivíduos como entes capazes de intervir no seu próprio Sistema de Saúde. O Sistema Saúde Corporativo, visto como sinônimo de “pessoas” e não de “coisas” ou "doenças" é o paradigma ser superado nos ambientes de trabalho.